"Incêndio provocado por condições de trabalho precário"

O incêndio que atingiu o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) na manhã desta quarta-feira em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, trouxe à tona problemas graves de falta de estrutura, equipamentos e pessoal na instituição. Residentes e funcionários do hospital, vinculado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), revelaram a precariedade do atendimento aos pacientes. "A gente vive em condições insalubres", disse Flávia Nobre, residente do 2º ano de Cirurgia Geral.
"Nós não temos condições dignas de trabalho. E eu digo isso por todos, pelos residentes, pelos professores, pelos enfermeiros, pelos técnicos administrativos. Está todo mundo aqui querendo ajudar e atender os pacientes. E a gente não consegue. Trabalhamos com 30% do que esse hospital poderia oferecer", disse Flávia. "Temos que escolher qual paciente vai para a unidade fechada. A gente está aqui aprendendo a ser médico, todo mundo no início de carreira, e estamos aprendendo Medicina da maneira errada", afirmou.
De acordo com a residente, o hospital só mantém os atendimentos em função da dedicação dos servidores. "É o corpo humano que mantém esse hospital de pé. Porque, com o salário que todo mundo recebe aqui dentro, era para estar todo mundo em casa. Tanto que, vira e mexe, tem greve". Segundo ela, a precariedade atinge todos os setores da instituição. "A gente tem que correr atrás de tudo. Não temos um número de encaminhadores decente para levar os pacientes para o Raio-X. São os alunos do 5º ano, são os residentes, a enfermagem, que têm que pegar paciente pesado com maca e levar para o Raio-X. Isso é, no mínimo, um absurdo!", indignou-se.
A residente também reclamou do descaso do governo com o Hupe. "Não é possível que ninguém olhe para esse hospital, o único hospital universitário do Rio de Janeiro, que era para ser o melhor do Estado. Pedimos que a população apoie a gente. Nós, sozinhos, não somos nada. Somente médicos, enfermeiros e funcionários, a gente não consegue", desabafou.
O incêndio de hoje atingiu o almoxarifado do Hupe e causou a morte de uma mulher. As chamas não chegaram ao prédio principal da unidade, ao lado, onde ficam as internações, mas cerca de 100 pacientes precisaram ser realocados devido à fumaça. A única vítima fatal estava internada com fibrose pulmonar na ala de cirurgia torácica, no 4º andar. Ainda não há informações sobre a identidade da paciente.
O incêndio foi controlado pelos bombeiros, e a luz e os elevadores já foram reestabelecidos. Um hospital de campanha será montado para dar assistência aos pacientes. Segundo o governo, o abastecimento de medicamentos e insumos está garantido.
FONTE: Terra.
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