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Recife: FUTURO PREFEITO - "Minha gestão é de quatro anos", afirma Geraldo Julio em entrevista


Socialista afastou possibilidade de concorrer à sucessão de Eduardo Campos

    Eleito para o primeiro mandato eletivo, o futuro prefeito do Recife, Geraldo Julio, já é visto como um nome de futuro na política estadual, especialmente no PSB. Nesta entrevista à Folha de Pernambuco, contudo, o socialista afasta qualquer possibilidade de concorrer à sucessão do governador Eduardo Campos (PSB), em 2014, garantindo que cumprirá os quatros anos de mandato. Geraldo ainda ressalta os critérios utilizados na escolha do seu  secretariado e avisa que trabalhará intensamente, tanto para melhorar as condições da Cidade, quanto na atração de investimentos.



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    Socialista ressalta o apoio que os partidos vêm lhe dando, inclusive o PT

    Durante a campanha, o senhor pregou um grande choque de gestão na Prefeitura do Recife. Quando vai começar?


    Eu não sou adepto dessa expressão. O que a gente quer fazer é tornar a gestão pública mais eficiente, voltada para resultados e fazer mais com menos recursos e em menos tempo. A gestão pública pode ser mais eficiente. Eu acredito no serviço público e que podemos fazer mais pelo Recife. Temos exemplos do que foi feito no Estado e outros exemplos em prefeituras que provam que podemos fazer gestões mais eficientes.

    O senhor fez promessas de obras caras como o Hospital da Mulher. Conseguiu emendas parlamentares para custeá-las, mas como será a liberação. Irá a Brasília para garantir os recursos ou deixará o processo fluir?

    Isso foi uma conquista no período da transição. Consegui fazer uma reunião histórica com todos os parlamentares presentes e fizemos um belíssimo acordo que merece elogios. Conseguimos junto com os parlamentares emendas individuais e de bancada, que somadas dão R$ 140 milhões para as UPAs e Hospital da Mulher. Estivemos com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apresentando os programas e as emendas da bancada. Agora, nós temos um secretário (Jaílson Correia/Saú­de), que é da equipe dele. Ele elogiou a escolha e se comprometeu a apoiar o nosso projeto, e vou acompanhar de perto a liberação desses recursos.

    O senhor ressalta bastante a necessidade de enxugar a máquina pública para ampliar a capacidade de investimentos da PCR. Como pretende fazer?

    Não será só uma redução de cargos comissionados. Acertamos com George Gerdau uma parceria com o Movimento Brasil Competitivo para fazer um trabalho de gerenciamento das despesas para cortar o custeio da máquina. Temos um secretário de Administração, que é auditor (Marconi Muzzio), e um auditor concursado da Fazenda estadual (Roberto Arraes) como corregedor do município, que também vai fazer esse trabalho. Estamos preparados para fazer um amplo programa de redução de custeio, acompanhado das contratações. Na experiência do Governo do Estado, fizemos uma redução de mais de meio bilhão de reais e temos uma perspectiva de fazer na Prefeitura esse trabalho também.

    A indicação do secretário de Saúde, Jaílson Correia, foi encarada por algumas pessoas como uma indicação do PT. Foi do PT ou do ministro?

    Eu encaro como uma escolha minha, o conheço profissionalmente. É uma pessoa de grande conhecimento técnico, mestrado e doutorado na Inglaterra e tem uma relação pessoal com o ministro, que dá a confiança de que a gestão da Saúde será tocada por uma pessoa séria, que ele conhece, sabe da competência e tem condições de fazer isso.

    O PT decidiu, de última hora, aderir ao seu governo e indicou o secretário de Habitação, Eduardo Granja. A relação de turbulências ficou para trás?

    Eu quero unir o Recife, e desde o dia da eleição para cá tenho buscado unir as pessoas, os partidos e movimentos sociais. A Cidade vive um momento duro e nós achamos que unir a cidade é importante para vencer esses desafios. Eu já recebi apoio de muitos partidos, dentre eles o PT, e a reunião do diretório do partido decidiu por apoiar o nosso governo. Eu acredito que, se juntarmos forças, conseguiremos vencer melhor esses desafios.

    O senador Humberto Costa se opõe a isso e ainda cobra independência.

    Eu já tive a oportunidade de encontrar Humberto Costa, ele participou da reunião da bancada em Brasília, ajudou nas emendas e deu declarações públicas de que, como senador, apoiará nosso governo.

    Mas a relação política, como fica?

    Sei que poderei contar com o apoio dele, como senador.


    Muita gente comentou a escolha de Roberto Pandolfi para a Secretaria de Finanças, que é uma pasta estratégica em qualquer gestão. Como o senhor descreve essa sua confiança no PMDB?

    Nós fizemos uma reflexão sobre a reforma do secretariado, sem apequenar a discussão. Procuramos pessoas com experiência, temos uma equipe com auditores da Fazenda, profissionais de sucesso, acadêmicos, mestres, doutores, pessoas dos movimentos sociais, profissionais liberais de sucesso. Procuramos alargar com força política com representantes da sociedade, porque eu acho importante eles nos ajudarem a fazer um governo da forma que a população espera. Pandolfi é uma pessoa competente, experiente e que todo mundo conhece. Ele fará bem o seu papel de cuidar das finanças do Recife.

    Houve um comentário de que o senhor não chamaria ninguém que ia disputar em 2014?

    O mais interessante para o governo é formar uma equipe que passe o máximo de tempo no secretariado. Já fiz uma reunião com os secretários para que iniciássemos o trabalho e fiquei satisfeito de formar uma equipe com nomes que não têm a pretensão de participar dessa disputa e que vão passar os quatro anos na gestão.
    O senhor prometeu convocar nomes da Câmara Municipal para a sua equipe.
    Sou muito grato aos candidatos que nos apoiaram - os que se elegeram e não conseguiram. Queremos aproveitar ao máximo essas pessoas na nossa equipe. Pelo conhecimento que eles têm da Cidade, pelo trabalho que fizeram nos últimos anos. Queremos aproveitar, sim, essas pessoas.

    Alguns partidos não se­rão contemplados no primeiro escalão do seu governo e viram o PT conquistar um espaço. O senhor está lidando com essa insatisfação ou não percebeu? Como fará para contê-la?

    Estou tranquilo. Nossa coligação está com muita unidade. Vocês não viram nenhuma manifestação de insatisfação, durante a campanha, e estamos tocando o processo agora com muita unidade. Todos estão tendo a oportunidade de nos ajudar e estamos muito tranquilos.

    Houve um clima amistoso de colaboração com o prefeito João da Costa durante a transição. O senhor indicou um nome próximo do prefeito para a Habitação que foi uma das principais áreas de atuação da gestão petista. A indicação é um reconhecimento pelo que João da Costa fez nessa área?

    Nós procuramos o partido e ele fez a indicação de dois nomes. Estamos satisfeitos porque é um nome (Eduardo Granja) dedicado e que, com certeza, desempenhará um bom papel na gestão. Também quero agradecer o trabalho do prefeito João da Costa, que colaborou conosco, abriu as portas da sua gestão, nos oferecendo todas as informações necessárias. Sabemos a importância de ter um processo de transição em harmonia e não vemos muitos gestores fazendo o trabalho desta forma.

    O ordenamento urbano é uma queixa grande de muitos recifenses. Vamos sentir no começo da gestão um impacto do seu trabalho nessa área?

    Vamos ter o cuidado com as calçadas e com a limpeza, a Cidade está pedindo isso. Temos que nos organizar para a Copa das Confederações, que acontece no próximo ano, e a Copa do Mundo. Temos obras estruturais que não estarão prontas na Copa das Confederações, mas temos que ter um centro organizado para que possamos nos apresentar como Cidade limpa e saudável.

    Uma frase marcada na campanha é que Geraldo só acaba quando termina. É um indício de que o senhor não será candidato em 2014?

    Eu sou prefeito eleito, vou tomar posse, vou cumprir os quatro anos e estou muito feliz. Acompanhamos até agora as ações de continuidade, como Carnaval e início do ano letivo. Nós já estamos correndo atrás, indo em busca de recursos no Governo Federal, fomos ao Congresso, fizemos acordo com a Assembleia Legislativa, tivemos reunião com Jorge Gerdau, o nosso futuro secretário de Planejamento (Alexandre Rebelo) está em Brasília dialogando com o movimento Brasil Competitivo, fizemos a seleção de gestores para a secretaria de Planejamento, conseguimos captar R$ 10 milhões junto ao Ministério do Trabalho para capacitar jovens para trabalhar na Copa do Mundo. Conseguimos tudo isso. É um conjunto de atividades que faríamos após o início do governo, mas fizemos antes de tomar posse. Conseguimos fechar uma reforma administrativa, que é feita geralmente no meio do primeiro ano do governo. Em janeiro, devemos começar com estrutura administrativa montada e depois fomos buscar na sociedade nomes que pudessem representar esses desafios que temos em cada secretaria. Então, montar um time e ir em busca de unidade foi um trabalho que já fizemos também antes de tomar posse. Já durante essa transição, estamos dando uma demonstração do esforço que faremos para vencer as dificuldades.


    O que fazer para lidar com a ansiedade da população em relação ao seu governo?

    A população sabe que minha gestão é de quatro anos. Vamos trabalhar intensamente para que as ações sejam executadas. Mas tenho noção que a população entende que nosso mandato é de quatro anos e com muito trabalho vamos conseguir cumprir o programa que foi registrado em cartório.

    Existe uma expectativa muito grande de que o governador Eduardo Campos seja candidato em 2014. Essa ansiedade pode atrapalhar um pouco a relação com os aliados?

    Nós estamos tranquilos. O PSB é um partido que vem crescendo, conseguimos eleger a maioria dos prefeitos de capitais e somos o que mais cresce no Brasil. Tivemos um índice de reeleição de 70% dos nossos prefeitos, quando os outros partidos não passaram de 50%. Isso mostra que nossas gestões são aprovadas e o PSB, claro, quer crescer, ganhar cada vez mais importância no cenário nacional. Mas o governador está muito tranquilo e sei que os aliados dele também estão. O que importa para nós é que continuemos fazendo o que sempre fizemos, que é ajudar a presidente Dilma Rousseff (PT). Temos em 2013 um ano desafiador pela frente. Se o Pais não crescer acima dos 4%, os governos estaduais e prefeitos vão ter muitas dificuldades no quadro fiscal. Repetir em 2013 o crescimento de 2012 é uma situação de grande dificuldade para as contas públicas e para a economia em geral. Queremos fazer um governo de muita unidade no campo estadual, federal e no Recife também.

    O senhor convive de perto com Eduardo Campos e o conhece muito bem. O senhor enxerga no governador esse perfil de presidenciável?

    O governador é um grande quadro da política nacional, reúne habilidades administrativas e políticas grandes. E a prova é a aprovação histórica dele. Não temos registro de outro governador no Brasil que tenha aprovação tão alta quanto a dele.

    Na Câmara Municipal está tramitando o plano de mobilidade. Como vai encarar esse projeto que foi elaborado pela atual gestão?

    O secretário de Planejamento Urbano e de Controle e Mobilidade Urbana (João Braga) analisará porque vamos elaborar um plano de planejamento urbano que levará em consideração diversos aspectos como o econômico, ambiental e de mobilidade também. Isso será considerado nesses estudos. O plano diretor será revisto dentro desse plano também.

    O senhor colocou o seu futuro secretário de Relações Institucionais, Fred Oliveira (PV), para fazer o diálogo com os vereadores, mas terá encontros permanentes com eles para estreitar esse relacionamento?

    Estabelecemos um canal de diálogo permanente com os vereadores. Nos encontramos com eles no período da transição, em uma confraternização, e a presença deles foi maciça. Procuramos formar um time de secretários com perfis diferentes. Colocamos pessoas que tinham vivência parlamentar para facilitar esse diálogo, que será permanente. Tenho certeza que teremos uma relação positiva com o Legislativo. Tenho tranquilidade em relação a isso.

    Vai manter esse relacionamento também com a oposição?

    Sem dúvidas. Acho o papel da oposição muito importante. A oposição fiscaliza e, muitas vezes, ajuda a construir um bom governo.

    O vereador eleito Raul Jungmann (PPS) é um que já vem pegando no seu pé.

    Cada um tem o direito de cumprir o seu papel.

    A Região Metropolitana possui vários problemas em comum. Dá pra resolvê-los com consórcios?

    É uma instituição de caráter executivo e pode ser uma ferramenta que venha a ser utilizada, mas eu ainda não discuti com os prefeitos da RMR nenhum tipo de consórcio. Na realidade, fizemos uma primeira reunião com os prefeitos para que pudéssemos agir de forma integrada. Cada prefeito indicará um auxiliar para representar cada município. Eu já indiquei o meu representante e devemos ter reuniões em janeiro e março para continuar os trabalhos.­

    GILBERTO PRAZERES, JÚLIA VERAS e TATIANA NOTARO, da Folha de Pernambuco

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