O técnico de segurança é o "anjo da guarda" da obra: identifica problemas, diz onde há risco de acidentes e ensina o trabalhador a se proteger
Reportagem: Thays Tateoka
Profissional da área:

Nome: Jemerson Assunção Lima
Idade: 49
Onde nasceu: Recife (PE)
Onde mora: bairro do Tatuapé, em São Paulo
Função: Técnico de Segurança no Trabalho
Onde trabalha: Setin Engenharia
Como aprendeu a profissão?
Quando me formei em enfermagem, pela Faculdade São Camilo, um médico colega do hospital me indicou para uma vaga provisória de três meses na Indústria de Papel Simão como ajudante de médico do trabalho. Acabei gostando da função e fiz o curso técnico na Cruz Vermelha Brasileira.
Há quanto tempo exerce a profissão?
Formei-me em 1985. Na época era obrigatório estágio de 420 horas sem remuneração. Como eu já atuava na área da saúde, outro colega médico do trabalho me indicou para estagiar na antiga Encol. Naquele tempo, quase não havia técnicos no mercado de trabalho, então conciliava com a profissão de enfermeiro até conseguir atuar em diversas construtoras.
Qual o maior desafio que enfrentou na profissão?
Fui convidado para trabalhar na construção da ponte Estaiada, em São Paulo. Embora eu já tivesse atuado em grandes canteiros, senti muita dificuldade de implementar o planejamento de prevenção desenhado para aquela obra em termos de proteção, de treinamento e de realizar as integrações de segurança.
É uma profissão perigosa?
O trabalhador enfrenta diversos riscos na execução. Já o técnico de segurança enfrenta todos os riscos por ter que acompanhar o trabalho a ser executado. É ele quem orienta que tipo de EPI deve ser usado, quais são os procedimentos de segurança do local e como se prevenir de acidentes.
Além disso, temos responsabilidade civil e criminal sobre tudo o que acontece no canteiro em termos de acidente e doenças do trabalho. Por isso, mesmo quando encontro dificuldade ou resistência em implementar uma medida preventiva, preciso ter todos os procedimentos documentados em relatórios.
Como é a rotina de trabalho?
O técnico de segurança no trabalho tem que estar cedo no canteiro. Às 7h15 inicio minhas atividades com o DDS (Diálogo Diário de Segurança), um bate-papo informal sobre um tema que eu escolho para o dia. Depois, é preciso dar atenção aos prestadores de serviços, integrando-os ao canteiro e explicando a rotina, as normas e procedimentos daquela obra para poder realizar a liberação do serviço e a verificação de quais equipamentos serão utilizados, bem como o isolamento das áreas de risco. Ao longo do dia, o técnico vai acompanhando as fases da obra com o objetivo de preservar a segurança dos trabalhadores. Além disso, fazemos treinamentos mensais ou de acordo com a NR-18 para divulgar as manutenções preventivas.
O que é preciso para ser um bom profissional?
O técnico de segurança precisa ter em mente que todo acidente pode ser evitado, e quando falamos em doenças, é preciso saber informar e conhecer os riscos de contaminação. Ele é um prevencionista e tem que atuar com foco na preservação da integridade física dos trabalhadores. Para conseguir um bom desempenho no trabalho é preciso bom senso, grande poder de convencimento e flexibilidade para lidar com os trabalhadores do canteiro, com a gerência e com a direção.
Características da função
O que faz o técnico de segurança no trabalho - planeja e acompanha as práticas de prevenção de acidentes e orienta sobre os riscos de doenças no ambiente de trabalho.
Em que etapa da obra ele entra - no estágio inicial ou na época de planejamento do programa de segurança exigido pela legislação.
Formação - é necessário ter formação técnica e registro no Ministério do Trabalho. O profissional pode optar em realizar o curso no ensino médio técnico com duração de três anos ou no curso técnico com duração de dois anos.
Quais as responsabilidades do profissional na obra - ele tem a responsabilidade de orientar e documentar se as atividades no canteiro estão conforme a norma NR-4 - "Serviços Especializados de Engenharia, Segurança e Medicina do Trabalho". Por isso atuará na inspeção das instalações e dos equipamentos de segurança da empresa; vai fiscalizar as condições de trabalho; elaborar relatórios com propostas de prevenção e apresentar as estatísticas de acidentes, além de instruir os funcionários sobre as normas de segurança e combate a incêndios.
Que técnica esse profissional deve dominar - precisa ter habilidade em gestão de riscos, assumir a direção e controle de processos de acompanhamento de mão-de-obra, vistoria de máquinas e equipamentos, metodologia de trabalho e riscos no meio ambiente e áreas internas do canteiro.
Como está o mercado - atualmente faltam profissionais habilitados e experientes. A empregabilidade muitas vezes é difícil, pois trata-se de um cargo de confiança. Em termos salariais, a categoria possui piso regulamentado de cerca de R$ 1.800,00.
Onde o técnico de segurança pode trabalhar - em canteiro de obra e na indústria.
Onde aprender a profissão - entidades como o Senac, Senai, Sesi, Cefet (Ifet) e ainda em escolas particulares. Como é uma profissão muito dinâmica, na qual o profissional precisa sempre de atualizações, o Sintesp (Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho de São Paulo) mantém um grupo de discussão que pode ser acessado por todos os trabalhadores. Confira: http://br.groups.yahoo.com/group/sesmt/.
Apoio técnico: Cosmo Palacio de Moraes Junior, diretor-estadual suplente do Sintesp (Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho de São Paulo).
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