Longe vai o tempo - lá nos primórdios dos sistemas
de gestão - em que o entendimento de conformidade ou não, passava pela comparação
entre um modelo definido e um modelo encontrado. Isso é muito ruim embora
talvez tenha sido necessário para que as coisas tivessem início. Hoje, certamente, não faz qualquer sentido.
Mesmo assim há muita gente por aí colocando crachá
de auditor e infernizando a vida das organizações e dos profissionais. Tudo
simplesmente porque pela falta de uma visão mais abrangente, ou mesmo pela
pouca experiência, entendem que para um requisito atendido ou cumprido há a
necessidade de existir algo parecido com aquilo que ele viu um dia em
algum lugar onde trabalhou ou em alguma organização onde esteve. É preciso que
se diga a estas pessoas que as normas de referência não têm modelos prontos.
O
que, aliás, é muito sadio. Trata-se do respeito àquilo que as organizações
fazem. É preciso lhes informar que esta cultura de modelos tem muito do nosso
jeito de ser, mas pouco ou nada tem em comum com os sistemas de gestão
pré-estabelecidos. Vem ocorrendo com frequência muitas barbaridades e, boa
parte das vezes, as organizações e profissionais que são submetidos a isso se
calam com medo de represálias. Agindo assim contribuem ainda mais para que
“pseudo-auditores” sigam atuando no mercado de forma inadequada.
Os
profissionais precisam pensar que se comportando desta forma não estão
contribuindo em nada para a área e menos ainda para que a auditoria contribua
de fato com algo que sirva para a melhoria do sistema.
VISÃO: Temos visto, por exemplo, profissionais que fazem auditoria de requisitos legais misturando “alhos com
bugalhos” de uma forma grosseira. Vejam: se o escopo da auditoria é a Portaria
3214 e as NRs estiverem sendo atendidas não há o que questionar. Um exemplo
evidente disso é a antiga polêmica da NR 9 que claramente define os riscos que
devem constar no PPRA. Desta forma, se o PPRA do auditado atende a NR 9 é
problema exclusivo do auditor se ele acha que o PPRA deve ou não ter isso ou
aquilo, cabendo a ele entender que a referência definida está sendo atendida. O
mesmo acontece, por exemplo, com a assinatura do ferido programa que segundo a
mesma NR pode ser elaborado por qualquer pessoa habilitada a fazê-lo. Precisamos
pouco a pouco ir mudando a nossa visão a respeito dos auditores. Não podemos
crer que profissionais cheios de chiliques e manias sejam bons auditores.
Também
não devemos aceitar que o auditor possa cometer exageros e deixar de respeitar os profissionais que ali estão. Como diz e ensina a
teoria da auditoria, ela deve ser algo
que contribua para a melhoria e não algo
a ser temido. E muito mais do que isso - a auditoria é contratada e paga pela
organização que espera conhecer resultados que lhe indiquem caminhos e rumos
dentro da melhoria contínua. No mais, essa cultura do medo da auditoria acaba
apenas contribuindo para que sejam produzidas evidências que nada têm a ver com
a realidade e o cotidiano criando uma falsa percepção de que as organizações
estão bem em relação ao assunto quando a realidade é bastante diferente. Precisamos
trabalhar para que a auditoria faça parte de um processo que contribua para a
evolução dos sistemas de gestão das empresas e não apenas para buscar
resultados que enganam a todos e muito especialmente a alta direção.
Por Cosmo Palásio de Moraes Junior
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