Na Zona Oeste, ciclofaixas estão parcialmente apagadas

Em alguns trechos da via, a faixa da ciclovia está apagada
Se na Zona Norte do Recife os ciclistas praticamente não contam com um espaço devidamente reservado para circular com tranquilidade, nos bairros da Zona Oeste, não bastasse isso, as ciclofaixas existentes estão parcial ou completamente apagadas.
O resultado da junção desses dois itens não poderia ser outro: o comprometimento do convívio pacífico entre transportes motorizados e não-motorizados, causando ainda mais insegurança no trânsito. Mesmo assim, os usuários da bike, que em sua maioria são pessoas de classe socioeconômica baixa, precisam continuar utilizando esse veículo no seu dia a dia.
Com apenas cinco anos de idade a pequena Luana Gonçalves já tem paixão por andar de bicicleta. Já se tornou comum a menina pedir à mãe para ir ou voltar da escola em sua bicicletinha. No entanto, a dona de casa Michela Gonçalves, de 34 anos, não se sente segura para atender ao pedido da filha.
Então, o jeito é levar a garota para pedalar nos finais de semana na Lagoa do Araçá, na Zona Sul da cidade. “Infelizmente, os motoristas dos carros não nos respeitam”, lamentou. Por achar a bicicleta um meio de transporte mais rápido, todos os dias, há cerca de três anos, Michela usa o veículo para levar a filha para o colégio, no bairro de Afogados.
Uma das vias que faz parte de seu percurso é a avenida 21 de abril. Contudo, a ciclofaixa que a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) diz existir está completamente apagada. “Está assim há mais de um ano”, comentou a mãe de Luana. As únicas sinalizações presente na via são placas amarelas alertando os motoristas sobre o fluxo de ciclistas. “Isso não basta. As faixas que limitam o espaço de cada transporte devem ser bem sinalizadas. Do jeito que está, nem mesmo os ônibus nos vêem”, reclamou Michela.
Situação semelhante acontece na avenida do Forte, no bairro do Cordeiro. Um trecho da ciclofaixa também está apagado. “Nessa parte, os motoristas costumam estacionar, nos fazendo ir para o meio da rua. É um sufoco”, afirmou Paulo José da Silva, de 47 anos, que usa a bicicleta para entrega de material.
Por meio da assessoria de Imprensa, a CTTU informou que está em estudo o projeto de manutenção da Ciclofaixa Tiradentes, que compreende as avenidas do Forte e 21 de Abril, mas ainda sem previsão de ser implantado. Apesar dos relatos dos ciclistas, a CTTU afirmou que, no início desse semestre, promoveu o reforço da pintura de um trecho da ciclofaixa da avenida do Forte, na área localizada próximo à Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), no bairro do Bongi.
Enquanto isso, no bairro da Várzea, os ciclistas ainda precisam driblar os automóveis. Na avenida Afonso Olindense, uma das vias com maior fluxo de veículos da área, é comum o número de acidentes envolvendo carros e bicicletas, segundo moradores. Para o engenheiro e especialista em transporte, Maurício Pina, o Recife conta com pouco espaço destinado aos ciclistas.
“Os que têm não oferece conforto e segurança adequada à população e não estão exatamente onde a grande demanda está, por falta de planejamento e de informação”, pontuou. Ele argumenta ainda que antes de se instalar ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas na cidade é preciso ser feito um estudo de deslocamento das pessoas.
“Qualquer País civilizado no mundo, qualquer cidade desenvolvida, para planejar seu sistema de transporte tem que partir de informações. Primeiro se faz um estudo, define-se a demanda para só depois montar uma rede de transporte.
A última vez que o deslocamento da população foi mapeado aconteceu em 1997, com a realização de uma pesquisa domiciliar de origem e destino. Esses dados já estão desatualizados. Por conta disso, várias ciclovias foram implantadas no Recife e deram erradas”, acrescenta.
WELLINGTON SILVA, da Folha de Pernambuco
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