Chefiar, liderar, comandar, dirigir, superintender, supervisionar, coordenar, gerir, muitas palavras que definem, melhor ou pior, a atividade de enquadrar um conjunto de pessoas e, simultaneamente, conduzi-lo a objectivo pré-definidos. Todas as profissões têm elementos com essa responsabilidade, nuns casos mais acentuada, como os militares e afins, noutros mais moderada e, noutros, até, liberal. Mas nem sempre o enquadramento, mesmo que eficaz e feito por profissionais da matéria, é suficiente para se atingir os objetivos pretendidos. Existem outros factores. No caso da segurança privada a actividade de gerir os recursos tem algumas particularidades. Na maioria dos casos o enquadramento é bicéfalo: o da empresa à qual o Agente de Segurança Privada (ASP) tem vínculo laboral e o do cliente contratante do serviço.
Esta dualidade permite alguma desresponsabilização como adiante se atestará. Algumas das ineficácias atribuídas aos ASP nem sempre são da sua responsabilidade pessoal. Aliás, pela experiência, arrisco afirmar que mais de 80% não podem ser acicatados a esses profissionais, mas a um conjunto de falhas e omissões dos demais intervenientes nesta atividade e que são:
- o Estado com a responsabilidade de legislar, regulamentar e fiscalizar;
- a empresa de segurança a quem compete a seleção dos elementos, a sua formação, assegurar a logística, colocação no cliente, acompanhamento/avaliação do desempenho;
- o Cliente, que deve definir devidamente os serviços de que necessita, em que moldes estes devem ser desempenhados, avaliar os níveis de serviço da empresa contratada, assegurar condições de desempenho aos ASP;
- dos ASP, como de qualquer trabalhador, espera-se um desempenho em consonância com as suas competências pessoais e adquiridas na formação ministrada.
Para esta reflexão não incluímos o Estado, embora lhe caibam imensas responsabilidades num eventual desempenho final menos bem conseguido. A sua intervenção nesta cadeia de valor é a montante da prestação do serviço em virtude de a fiscalização no “durante” ser atualmente quase inexistente e na maioria dos casos por reação, quando se impunha que fosse por prevenção.
Restam assim três agentes. Comecemos por analisar os objetivos primários de cada um deles perante um serviço a prestar:
- a Empresa tem como objectivo efetuar uma mais-valia econômica, ou seja, visa o lucro, ainda que a fazer segurança;
- o ASP tem por objectivo receber o justo valor pelo trabalho efetuado que, no caso, é fazer segurança;
- o Cliente é, neste ciclo, o único que tem como objectivo principal a segurança.
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